Arquivo

Posts Tagged ‘mercúrio’

Uma análise do triângulo da crise

A linguagem simbólica da Árvore da Vida, quando ilustrada pelos Arcanos do Tarot, se mostra extremamente rica e bastante elucidativa. Há inúmeros níveis de interpretação e nem sempre é necessário permanecer nos planos místicos ou espirituais.

Ao estabelecer uma correspondência entre a Árvore da Vida, as letras hebraicas e os Arcanos Maiores do Tarot, utilizo-me do sistema elaborado por William G. Gray. Veja Tarot, Números e Cabala para uma maior compreensão do conjunto.

Particularmente o triângulo representado nesta imagem ao lado se mostra bastante clara. Nos vértices, encontramos as esferas Honra (Mercúrio), Beleza (Sol) e Rigor (Marte). Os lados deste triângulo são o Carro, o Guardião (Diabo) e a Torre.

A esfera de Mercúrio é aquela que trata do aprendizado ou desenvolvimento de uma habilidade específica com a finalidade de ingressar ou participar na sociedade. Tem cunh0 intelectual.

Desta esfera, partem dois caminhos. O Carro dirige-se para o Sol, que representa a Universalidade. Neste Arcano, a imagem mais importante se encontra no centro da carta e é o condutor. Normalmente, é uma lâmina que fala do domínio ou controle dos instintos para se atingir uma finalidade. Tanto nesta lâmina como no Sol o risco é a arrogância. De uma perspectiva mundana, representa a especialização e o aperfeiçoamento de técnicas ou tecnologias bem como, o desenvolvimento científico, como também, o poder adquirido por estes meios. É o caminho de Ayn e esta letra hebraica se relaciona com os olhos: mantenha-os abertos para contemplar a beleza do Sol.

O outro caminho que parte de Mercúrio é o Guardião, também conhecido como Diabo. Seu papel é oferecer uma barreira natural contra os avanços indiscriminados da ambição e desejo de poder. Trata-se de um portal, pois permite saltar entre mundos. Forma uma espécie de divisão entre o mundo individual e o coletivo. O Guardião gera uma crise de valor e lhe pergunta se quer mesmo ultrapassar aquela barreira, se quer mesmo ingressar num mundo onde a individualidade perde parte de sua importância. Corresponde à letra hebraica Mem, associada à fluidez da água, especialmente aquela dos oceanos. A ideia é clara: é preciso dissolver o ego para atravessar para a outra margem.

Este caminho leva à esfera de Marte ou Rigor. Representa a justiça dos Homens, onde cada paga (ou vale) pelo que produz ou pelo que é, dependendo do caso. Na maior parte das vezes, esta esfera é punitiva, pois tem como finalidade restringir o tamanho do ego e reduzir o indivíduo a uma coletividade em razão do bem comum. Muitas vezes, funciona como uma espécie de filtro reparador de injustiças sociais, ocasionalmente infligindo dor.

Se não houver senso comum e um pensamento que abarque a sociedade, deixamos o ego, a ambição, o desejo de poder prevalecerem sobre os principais atributos que levam à contribuição social. Aí você (ou a sociedade) trilharão o caminho da Torre. Ela serve para derrubar de uma só vez o que não tem valor, especialmente o que for de natureza material. Seu significado se encontra associado a graves perdas, falência e separações dolorosas. É um caminho bastante difícil de ser percorrido. A letra hebraica Lamed tem o desenho (e representa) uma antiga arma de guerra utilizada pelo povo hebreu.

O fato é que estamos num limiar tecnológico bastante avançado, mas que não tem compartilhado seus benefícios à toda a sociedade. Com isso, instala-se a crise com a qual nos debruçamos desde o final dos anos oitenta.

Só há uma saída: rever os conceitos que animam o mercado e o mundo corporativo.

A crise é o Diabo

Normalmente, associa-se esta lâmina a todos os tipos de crise, especialmente as de natureza conjugal e afetiva.

A atual representação deste Arcano é um Diabo chifrudo sobre um cubo, ao qual estão acorrentados um homem e uma mulher, ambos nus. Na maior parte dos tarots, o fundo desta carta é preto ou escuro.

Primeiramente, é bom considerar que esta é uma representação com forte influência da Igreja, pois as imagens primitivas contemplavam a figura de um deus da floresta.

Bem, uso o sistema de William G. Gray, que associa as letras do alfabeto hebraico corretamente às lâminas do tarot, sem se importar com os números que os acompanham. Com isso, a lógica e a clareza dos Arcanos Maiores fica restabelecida. E este Arcano passa a operar como uma espécie de ponte entre os mundos, como um portal, ligando as esferas Honra (Mercúrio) e Rigor ou Justiça (Marte). De fato, seu título anterior era Guardião.

Vamos juntar essas duas idéias, pois elas tem relação direta com o que estamos passando atualmente. Diabo, Torre e Morte formam o grupo dos Três Libertadores. mas libertar do quê? Do materialismo, do mundo da substância, de tudo o que nos aparta dos valores elevados ou espirituais, que nos afasta da universalidade e do compartilhamento. São três Arcanos difíceis, que a maior parte das pessoas não gosta de lidar.

O Guardião diz “Pare!”. Pergunta se há realmente certeza nos passos seguintes, se o que você (ou a humanidade) quer de fato o que vem depois, que é transformação e ruptura, falência.

Ou seja, olhando para os acontecimentos em torno, as graves dificuldades econômicas vividas pelos países da Europa e EUA, o desemprego e a falta de crescimento econômico, o clima de crise fala exatamente da necessidade de parar. Parar de consumir, de explorar e de compartilhar… porque o que se segue é naturalmente a quebra do sistema financeiro e uma falência generalizada no comércio e na indústria… bem… e então, o desemprego.

A letra hebraica correspondente é Mem e se refere à água, especialmente aquela dos oceanos e das marés. É um caminho de muitos perigos, uma vez que costumamos subestimar a a força da água e seu papel na formação tanto da vida, mas também, na formação dos continentes e relevos. A elevação do nível dos mares colocará em risco várias cidades e ilhas no mundo. Crise novamente, relacionada ao aquecimento global.

Pare! É preciso deter a máquina!